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3 perguntas para Gustavo Czekster

Gustavo Czekster é formado em Direito na PUCRS e mestre em Letras pela UFRGS. É doutor em Escrita Criativa pela PUCRS. Já publicou dois livros de contos e um romance: “O Homem Despedaçado”, em 2011, “Não Há Amanhã”, em 2017, vencedor do Prêmio Açorianos de Literatura; e "A nota amarela", em 2021.



Você iniciou com a publicação de livros de contos, e agora lançou uma narrativa longa. Para você, o processo criativo de contos ou de narrativa longa é diferente? Como se dá?

São processos diferentes, sim. Quando escrevo contos, estou preocupado em manter o máximo de tensão com o mínimo de palavras, fazendo com que cada frase seja única e indispensável não só quando ligada às frases anteriores e posteriores, mas também no contexto do conto e sem deixar de lado a própria história oculta. Isso faz com que cada conto seja exaustivamente trabalhado em várias camadas de significados, exigindo atenção constante, quase obsessiva, tudo para confluir para um final previamente planejado. Por outro lado, quando escrevo uma narrativa longa, estou mais preocupado com a cadência e com o ritmo da história, não pensando no efeito ou na epifania que desejo criar no leitor, mas sim em envolvê-lo com a trama e com os dramas das personagens até o ponto de se sentir como se fosse um deles. Isso talvez seja também o que difere o leitor de contos do leitor de romances: um busca a surpresa, o choque, a revelação, enquanto o outro está atrás de envolvimento, de persuasão, de sentir a vida do outro como se fosse a sua.

Você é um leitor e conhecedor dos clássicos da literatura. Qual a importância de o escritor iniciante conhecer os clássicos? Que aspectos você recomenda a esses iniciantes observarem nos clássicos?

Considero essencial que o escritor iniciante conheça os clássicos, essas obras que atravessam os tempos e continuam ecoando nos espíritos. Ao contrário de outros escritores, não acredito na hipótese da "contaminação", a ideia de que um livro clássico pode contaminar e afetar o estilo do autor iniciante, mas acredito que seja essencial ver o quanto os dramas humanos continuam relativamente semelhantes. Um clássico é um livro que foi bem sucedido não só em captar o espírito da sua época, mas também em flagrar algum sentimento ou sensação que é constantemente renovado em outros espaços e tempos. Por esse caráter atemporal, acredito que a leitura de clássicos pode fazer com um escritor iniciante aprenda, por meio da observação, como é montar uma estrutura bem sucedida (e ver como ela se adapta ao texto, e não o contrário), como criar personagens que não só falam, mas também respiram e vivem diante dos olhos do leitor, e, mais importante de tudo, como contar uma história e expor os sentimentos e ideias mais secretas do autor é mais importante e libertador do que ceder aos modismos de uma determinada época.

Você é advogado bem-sucedido por formação e profissão. Como você consegue aliar seu trabalho como advogado com a literatura?

Uma boa parte de conciliar essas duas tarefas veio de uma organização do meu tempo dentro do dia e da criação de um espaço mental. Quando trabalho como advogado, sou advogado e penso somente nisso; quando estou escrevendo, concentro-me somente naquilo que desejo escrever e deixo todas as distrações de lado. Talvez arrumar espaço dentro da rotina do dia seja mais fácil do que manter tal disciplina para dividir ambas as tarefas dentro da cabeça. No entanto, quando se atinge esse ponto de equilíbrio, é possível perceber o quanto as duas áreas dialogam entre si e a maneira com que uma engrandece a outra: advogar me deixa mais sensível aos dramas da outra pessoa e, assim, me faz observar melhor a Humanidade, que é a matéria básica de qualquer escritor; por outro lado, escrever faz com que a clareza e a objetividade das minhas peças advocatícias fiquem mais aparentes, ajudando a transmitir melhor o caso para os demais operadores do Direito (juízes, promotores, delegados, entre outros).

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