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Como escolher que gênero de texto escrever

Como escolher que gênero de texto escrever? Vamos resolver este desafio de uma vez por todas? A resposta é NÃO. Precisamos de segurança e o melhor caminho para isso parece ser o das certezas e definições. Porém, elas só são alcançadas – quando são – com a prática e com o conhecimento. Essa é só uma pista de como escolher que gênero literário escrever. As outras dicas serão os escritores Ana Mello, Marcelo Spalding e Rubem Penz que darão para você. Confira!

   


Para Ana Mello, primeiro é preciso ler todos os gêneros e vários autores para sentir e pensar sobre a forma, sobre o estilo, e analisar os detalhes dos diversos textos. Depois devemos experimentar e escrever em todos os gêneros. O desafio trará novas habilidades, aguçará a criatividade. Talvez no início pareça impossível escrever uma narrativa longa, por exemplo, ela mesma ainda não terminou a sua, mas escreve e até já publicou minicontos, crônicas e poesia.

“Por experiência, digo que isso é muito bom porque algumas ideias funcionam melhor em prosa e outras em poesia. Fiz também o exercício de tentar uma ideia em um conto e depois a mesma ideia em poesia. É ótimo porque possibilita outros olhares e alternativas de escrita”.

Marcelo Spalding, por sua vez, diz que muita gente questiona a sua abordagem mais sistematizada sobre gêneros, mas ele costuma comparar gêneros com receitas. “Um bolo é um bolo, temos um conceito do que é um bolo e algumas dicas do que fazer ou não, que ingredientes usar, o que as pessoas esperam (por convenção) que seja um bolo. Mas há milhares de formas de bolo, e inclusive bolos que parecem pizza. Isso não invalida, na minha opinião, que se estude como fazer bolo primeiro, e que antes se tente fazer um bom bolo”.

Segundo ele, o mesmo acontece com os gêneros. É importante entendermos que há algumas convenções esperadas para um conto, uma crônica, um poema em prosa, por mais que venha uma Clarice e transite por todos eles, faça mesclas, nuances. Só que a Clarice Lispector, como ele usou de exemplo, não começou por aí, e mesmo em sua fase madura, na hora de escrever uma coluna para revista, ela sabia dominar o gênero crônica, e na hora de enviar um livro para a editora, o gênero romance.

Então, segundo ele, não é tanto sobre escolher qual gênero, e sim perceber com qual gênero o autor se identifica mais, se sente mais à vontade para escrever. Às vezes, a gente gosta de ler um gênero e de escrever outro. Tudo certo, não é traição ao gênero, como uma aluna certa vez falou. Enfim, a dica para quem está começando é: conheça bem os gêneros primeiro, misture tudo, se quiser, depois; ninguém aprende a fazer torta sem fazer um bom bolo antes.

Rubem Penz lembra que, se alguém está começando na escrita, a dica é não escolher ainda. Ao contrário, experimentar-se em mais de uma linguagem, reconhecer sua voz, escutar a opinião de terceiros confiáveis, exercitar a prosa e a lírica breves, mesmo quando o plano seja projetos de maior fôlego.

Como foi esse processo para cada um dos autores


Ana é conhecida por ser escritora de poesias, mas, como ela mesma afirma, ela não escolheu a poesia, já que escreve contos e crônicas também. Entretanto, a autora tem mais facilidade para escrever poesia e gosta do minimalismo, de procurar a palavra certa e tentar dizer muito com poucas palavras. Além de poemas, Ana tem livros infantis de sua autoria, pois algumas histórias que ela queria contar se enquadraram mais em narrativas para crianças.

Marcelo, como professor, se diz meio neurótico por entender os gêneros e passar esses conceitos aos alunos, mesmo sabendo que há muito hibridismo. Isso porque na primeira oficina – de contos – na qual participou como aluno, escreveu um texto para ser avaliado pela turma e a turma detonou o texto. Ao final, resumiram: não é um conto. Mas o que era, afinal? Segundo eles, não importava, não era um conto, portanto não era bom. Aquilo o deixou muito desmotivado e quase o fez parar de escrever. Hoje ele sabe que era uma crônica, e o problema, segundo Marcelo, foi ele ter sido avaliado pelos critérios errados (é como querer crocância de um sorvete). Enfim, dali em diante ele estudou muito, inclusive academicamente, sobre as características dos gêneros (a partir do miniconto) e acredita que essa compreensão sobre as semelhanças e diferenças dos gêneros é fundamental.

Rubem lembra que suas primeiras criações literárias foram poesia e canção popular, opções certamente influenciadas pelo fato de ele ser baterista, acostumado a contar tempos. A crônica pareceu o caminho natural para quem exerceu a redação publicitária: textos breves, criativos, sedutores, publicados no mesmo suporte dos anúncios e com resposta imediata dos leitores. Ou seja, gêneros de continuidade. Porém, o estudo de contos foi muito importante para o seu aprimoramento.

O escritor precisa focar em um gênero ou pode se aventurar em vários deles?


Ana sugere que o escritor publique no gênero que se sente mais à vontade, onde o público que ele quer atingir está. Embora o exercício de escrita possa acontecer sem efetivamente ser publicado em livro, afinal, segundo ela, escrevemos muito mais do que publicamos.

Marcelo diz que o autor pode se aventurar em mais de um gênero, especialmente se ele escreve sem compromisso, por prazer. “Eu mesmo deveria ter focado toda minha carreira literária no miniconto, mas fico inventando, então já publiquei livros juvenis, minicontos, livros para escritores, literatura digital e ainda vou publicar um livro de contos e quem sabe uma narrativa longa...” Ele acredita que essa não seja a melhor estratégia pensando em termos de carreira, mas, como a escrita para ele é prazer e não profissão – e ele faz questão de manter assim – ele gosta dessas possibilidades.

Rubem acredita que há uma grande diferença entre focar e se restringir, o primeiro louvável, o segundo contraproducente. Aprimorar-se no gênero em que suas experiências revelaram bons resultados é muito importante para construir uma carreira literária sólida, tanto para si, quanto para a percepção dos leitores e editoras. Porém, executar projetos paralelos em outros gêneros amplia os horizontes, alarga o repertório e oxigena as ideias. O autor propõe equilibrar estes dois pontos.

Para finalizar, o escritor iniciante deve enxergar a classificação da literatura em gêneros não como um fator limitante para a sua escrita – como uma obrigação de se encaixar em um deles, por exemplo –, mas sim, como um norte que ajudará a encontrar a sua própria voz e o seu próprio jeito de escrever.

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