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Dicas de Escrita

Entre eu e o ministro ou entre mim e o ministro?

Resposta: atualmente ambas as formas são aceitas mesmo na língua escrita.

Por que a dúvida?

Porque, pela recomendação tradicional, os pronomes pessoais retos¹ “eu” e “tu”, por exercerem, a rigor, função de sujeito (e excepcionalmente de predicativo), não deveriam ser empregados após uma preposição. Como “entre” é uma preposição, seria preciso empregar mim, que é o pronome oblíquo² correspondente. Acontece, no entanto, que as línguas evoluem com o tempo, porque novos usos vão se consagrando. Os gramáticos mais atentos às mudanças linguísticas obrigam-se, então, a aceitar tais usos como válidos, flexibilizando regras que orientam mesmo o uso mais formal da língua.

Para exemplificar essa flexibilização, vejamos como o assunto em questão é tratado em duas gramáticas:

Moderna Gramática Portuguesa (Evanildo Bechara):

“A língua exemplar insiste na lição do rigor gramatical, recomendando […] o uso dos pronomes oblíquos tônicos: Entre mim e ti. Entre ele e mim.” E continua: “Um exemplo como Entre José e mim dificilmente sairia hoje da pena de um escritor moderno”.

Gramática Houaiss da Língua Portuguesa (José Carlos de Azeredo):

“Construções como entre mim e você, entre ela e mim, entre ti e mim tradicionalmente recomendadas pela preceptiva gramatical, são cada vez mais estranhas ao uso brasileiro, mesmo na modalidade escrita. As formas praticadas no Brasil pelos próprios usuários cultos são entre eu e você, entre ela e eu, entre você e eu, com o tu no lugar de você nas variedades em que o tu é a forma usual”.

Cabe, no entanto, a ressalva de que se o estudo for para provas de concursos é preciso seguir a bibliografia indicada, porque, dependendo da banca que elabora a prova, a exigência pode ser ainda a das gramáticas mais antigas, cujos autores já não estão mais vivos para atualizá-las.

Notas:

> Pela tradição gramatical, a denominação pronomes pessoais retos (eu, tu, ele, nós, vos, eles) designa os que normalmente funcionam como sujeito da oração e, raras vezes, como predicativos. Exemplo: em Eu não sou ele, temos respectivamente as funções de sujeito (eu) e de predicativo (ele).

> Os pronomes pessoais oblíquos (me, mim, comigo, te ti, contigo, o(s), a(s), lhe, nos vos, lhes) são os que são empregados na função de complemento. Em Não lhe dissemos nada, lhe assumiu a função de complemento do verbo dizer; em  Convidou-os para um jantar, o pronome os exerce a função de complemento do verbo convidar.

Obs.: Os pronomes retos, quando preposicionados, também podem exercer função de complemento, como em Referiu-se a ela com carinho. Neste caso, o pronome ela, precedido da preposição a tornou-se um pronome oblíquo.


Texto originalmente publicado no blog Scriptura e getilmente cedido pela autora

Neiva Tebaldi Gomes

 

 

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