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Cuide com o plural dos verbos impessoais

Dentre os casos particulares da língua portuguesa (não gosto do termo exceção, porque não são exceções), um dos que requer mais atenção é o plural dos verbos impessoais.

Verbo impessoal, para quem não lembra, é aquele verbo cujo sujeito é inexistente. Há três casos mais comuns de sujeito inexistente:
1. Verbos que expressam fenômeno da natureza;
2. O verbo haver no sentido de existir;
3. O verbo fazer em relação a tempo.

Há poucas dúvidas e equívocos em relação ao primeiro caso, pois a ausência de sujeito é lógica, não apenas sintática ("Nevou em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul"; "Venta demais nas praias do litoral"). Note que em ambos os exemplos o verbo não tem sujeito nem objeto, o que vem depois é adjunto adverbial.

Já nas construções com o verbo haver é comum observarmos escorregões. Está incorreta, por exemplo, a frase "Haviam muitas pessoas na festa", pois o verbo haver é impessoal, sujeito inexistente, então ele deve ficar no singular: "Havia muitas pessoas na festa". Note que nesta frase "muitas pessoas" é objeto, não sujeito.

A confusão ocorre porque com o verbo "existir" é diferente: ele não tem objeto (é intransitivo), mas tem sujeito. Então "Existiam muitas pessoas na festa" está correto, pois "muitas pessoas" é sujeito de "existiam" neste caso.

Vale notar, ainda, que o verbo "existir" só não tem plural quando ele tem o sentido de existir. E quando ele não tem o sentido de existir? Quando ele está em uma locução verbal. Por exemplo: "Eles HAVIAM feito muito mal a nós". Está correto esse plural no verbo haver, pois o sentido aqui não é de "existiam", mas de "tinham", tinham feito.

Pela mesma lógica, há casos em que o verbo TER também é impessoal e não deve levar seu acento indicativo de plural. Vejamos alguns exemplos:
> Tem (no singular, sem acento) muitas outras coisas que fiz na medida em que fui crescendo.
> Tem (no singular, sem acento) luminosos nas paradas que dizem o número do ônibus e quantos minutos faltam para chegar.

O "tem" aqui funcionaria como o "Há", sendo impessoal e ficando sem acento indicativo de plural.

Por fim, não se deve colocar plural no verbo "fazer" quando ele indica tempo. Dessa forma, está incorreta a frase "Faziam três anos", o correto é "Faz três anos".

Note que o "faz", aqui, tem um sentido próximo ao "há", do impessoal verbo haver, e certamente se voltarmos à etimologia da palavra haver encontraremos o motivo de esse verbo ser considerado impessoal. E motivo de dor de cabeça para quem está realmente preocupado em falar e escrever corretamente.

Marcelo Spalding

 

 

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