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O vocativo e sua importância para organizar diálogos

Uma das vírgulas mais esquecidas é a vírgula que isola o vocativo. E olha que essa é uma daquelas regras sem exceção, fáceis de lembrar e que são obrigatórias. O motivo talvez você não lembre bem o que é o tal vocativo. Pois vejamos:

Vocativo é a forma linguística usada para chamamento ou interpelação no discurso direto. Por exemplo:

> Maria, venha cá!
> E agora, José?
> Não acredito, Joana, que você fez isso.
> Ave Maria, cheia de graça.


Muitos confundem o vocativo com o sujeito, e por isso mesmo o vocativo é isolado por vírgulas, observe a diferença das frases:

> Esse juiz é corrupto.
> Esse, juiz, é corrupto.


Outra confusão habitual é do vocativo com o aposto. Mas lembre-se, no vocativo você está falando com alguém, e no aposto em geral está se falando sobre alguém.

> Ronaldo, ontem sua equipe trabalhou muito bem.
> O diretor da equipe de vendas, Ronaldo, ontem trabalhou muito bem.


Na segunda frase, não se está falando com o Ronaldo, e sim sobre o Ronaldo, diretor da equipe de vendas.

O uso nos diálogos

Em diálogos literários, o vocativo é muito útil porque ele é uma das três formas de se mostrar ao leitor quem está falando (as outras são as intervenções do narrador e a personalidade linguística).

Usar intervenções do narrador ("disse João", "respondeu Maria") é a forma mais comum mas também mais simples, além de interromper a fluidez do diálogo com essas intervenções. Já usando o vocativo, você consegue ir organizando a conversa sem precisar recorrer às marcações.

Vejamos um exemplo, do texto do colega Rhaniel Farias:

- Não dava para esperar mais um pouco, Eduardo?
- Você sabe que não. A dor só piora.
- Tem ideia do que está fazendo, do que isso vai provocar nas pessoas que te amam?
- Já conversamos sobre isso, Sofia. Preciso fazer, não vou voltar atrás.


Note que pelas quatro falas iniciais do diálogo já sabemos que quem está conversando é Eduardo e Sofia. A primeira fala, como usa o Eduardo como vocativo, é da Sofia, que está falando COM o Eduardo. Então as falas ímpares (1, 3, 5) serão da Sofia.

Já na fala 4 é o vocativo é a Sofia, ou seja, alguém (no caso Eduardo) está falando COM A Sofia. Então as falas pares (2, 4, 6) serão da Sofia.

Criada essa lógica, o autor pode ir até o fim do diálogo sem usar os vocativos novamente nem precisar de intervenção do narrador. Caso o diálogo fique longo, os vocativos podem voltar eventualmente, para irem lembrando o leitor de quem está falando com quem.

Cuide, também, diálogos com mais de duas pessoas. Aí talvez seja inevitável usar a interferência do narrador, mesmo que alternando com o uso do vocativo.

Marcelo Spalding

 

 

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