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Como transformar a realidade em ficção?

Bruna Agra Tessuto lançou neste mês o seu primeiro livro individual, "Os bastidores de Emma", sucesso de vendas na Feira do Livro de Porto Alegre. O livro, apesar de ser uma ficção, foi inspirado em uma história real. Depois de passar por um trauma no final da faculdade, Bruna desenvolveu depressão e transtorno pós-traumático, e a obra percorre esse processo de forma sensível e intrigante, meclando realidade com ficção.

Na entrevista abaixo, Bruna comenta as dificuldades e as motivações de transformar em ficção a sua história, além de dar dicas para quem pretende fazer o mesmo.

Escrita Criativa: Qual dica você daria para quem quer começar a escrever ficção baseando sua escrita em fatos reais?

Bruna Agra Tessuto: Acho que, em primeiro lugar, desapegar da história real. Não do cerne dela, do que ela significa, mas dos detalhes, das partes coadjuvantes. Quando a proposta é transformar fatos reais em ficção, é importante entender que passamos a ter duas histórias e a obra precisa ter mais importância do que a realidade. Assim, os vazios são preenchidos com ficção. As questões sem solução, as cenas inverossímeis e as conversas sem relevância da vida real são substituídas pelo recheio que a ficção proporciona.

EC: Como separar o que é verdade (sentimentos, situações, pessoas) do universo ficcional?

Bruna: É preciso eleger o que é fundamental para contar essa história: quem são os protagonistas, qual é o conflito central de cada um e quais são os acontecimentos principais da história. Se tivermos esse material todo na realidade, é basicamente ele que usaremos. O resto criamos em cima. Se para contar determinado acontecimento preciso criar uma cena, crio. Se para transmitir o conflito preciso de um personagem a mais, o invento. Se, por exemplo, na vida real duas pessoas exerceram função parecida, posso, na ficção, transformá-la em um único personagem.

EC: Por que transformar em ficção ao invés de contar a história em forma de relato?

Bruna: Primeiro, pelo óbvio: para não expor as pessoas.
Segundo, mas que descobri somente ao longo do tempo, foi pela curiosidade que isso foi gerando nos leitores. O jogo entre ficção e realidade foi o que fez atrair tanta gente para essa leitura. As pessoas passaram a me procurar com anotações, querendo tirar dúvidas sobre o que era real e o que eu inventei. Algumas respondi, outras deixei a imaginação do leitor resolver.

EC: Qual foi a sua maior dificuldade nesse processo?

Bruna: Começar. No sentido de decidir as questões: Quando a história começa? Qual vai ser a primeira cena? Depois, a coragem para escrever a primeira linha, a primeira página, o primeiro capítulo. Passado isso, quando sabemos de onde e para onde a história está caminhando, parece que algo de mágico acontece e a escrita passa a fluir em outro ritmo.

***

Bruna Agra Tessuto nasceu na capital gaúcha em 1993 e está envolvida com arte desde a adolescência. Em 2016 formou-se em Teatro pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e, desde então, vem ministrando oficinas e atuando na área cultural de Porto Alegre e da Região Metropolitana. Em 2017 concluiu o Curso Livre de Formação de Escritores da Metamorfose e participou das coletâneas Diálogos e Anti-Heróis. Os Bastidores de Emma é a sua primeira narrativa longa.

Bruna Agra Tessuto

 

 

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